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O FILÓSOFO QUE FOI CONSIDERADO LOUCO POR DEFENDER OS ANIMAIS


Por Júlio Ottoboni
O filósofo alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche, do século 19, foi internado como louco depois de retirar o chicote das mãos de um homem que açoitava um cavalo atado a uma carroça. Nietzsche abraçou a cabeça do cavalo, chorando, pediu perdão pela humanidade. Foi o suficiente para que a sociedade alemã da época o trancafiasse como insano.

O grau de consciência do maior pensador dos últimos 200 anos sobre a degradante relação entre o homem e os seres que o cercam tomou outra forma e ganhou corpo na atualidade. Em diversas partes do mundo surgem diariamente grupos e vozes em defesa dos animais, sejam eles da fauna urbana ou silvestre. Um sinal de evolução, porém ainda pequena se comparado a todo mal proporcionado pelo homem.

Friedrich Wilhelm Nietzsche
Passou o tempo de pedir apenas perdão pelas atrocidades de nossa espécie ao subjugar outras. Temos que refletir sobre nossa própria existência, sobre a cultura do individualismo e a péssima convivência com a paz. O homem que pede tanto pela paz é incapaz de conviver com ela, basta tê-la para gerar um incômodo imenso em seu espírito. Nós estamos condicionados a TER e não a SER. Com isto, somos apenas um reflexo pálido do que possuímos ou imaginamos ter.

Nossa arrogância como espécie nos fez a ‘imagem e semelhança de Deus’ em textos sagrados. Me pergunto então, que tipo de Deus seria esse se somos sua imagem e semelhança ? Um Deus monstruoso, deformado em seu espírito, que arrasa o planeta, incinera florestas, mata indiscriminadamente! Sei que em meu interior não habita esse Deus, mas outro, como em muitos que leem esse texto agora. Um Deus do bem, do acolhimento e da sensibilidade profunda que habitou o coração de Francisco de Assis, esse sim espero um dia ter condições de reconhecê-lo em mim.

Então fica a questão: quem é esse homem, animal suicida e auto-predador , que se auto-proclama superior a todas outras espécies  deste planeta?

Nietzsche chorou e pediu perdão por nós a um cavalo cansado do trabalho forçado, que não conseguia mais andar e era brutalmente chicoteado abrindo feridas em seu corpo. E em sua geração foi taxado como louco e trancafiado em um hospício e morreu 11 anos mais tarde sob torturas impostas por psiquiatras que ignoravam o gênio e o forçavam a ser um medíocre. Acredito que necessitamos evoluir muito como espécie para chegarmos a condição dos outros viventes, para nos despirmos da mediocridade que nos colocou na condição da pior fera existente. Nós, homens, rompemos com a natureza, tentamos domá-la e como não obtemos êxito, passamos a destruí-la. Essa é a lógica do homem moderno, o que não possuo, destruo.

Não fique apenas indignado com as atrocidades cometidas. Temos que enfrentá-las para que possamos, um dia, evoluir como espécie e reconhecer e conviver com a paz que nos habita. Amar o nosso próximo significa exercer o sentimento a tudo que nos rodeia e não apenas ao ser humano.

Júlio Ottoboni é jornalista diplomado, com 27 anos de profissão, pós-graduado em jornalismo científico, com cursos em meio ambiente em diversas instituições e em águas atmosféricas no ITA/INPE.

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